Há duas semanas, convidei dois casais amigos para jantarem em minha casa. Eis que, na véspera do jantar, minha amiga ligou para avisar que não poderia comparecer, porque no sábado chegariam hóspedes inesperados para o final de semana. Mais que depressa, a bem da delicadeza que permeia nossas relações, disse-lhe que o compromisso continuava de pé e que eu teria imenso prazer em também receber os amigos dela. Afinal, os amigos dos meus amigos meus amigos são.
Como boa anfitrioa, arrumei a mesa de forma a que o casal de hóspedes ficasse alternado entre nós, para que os conhecêssemos melhor e, durante a conversa do jantar, pudéssemos usufruir de assuntos variados, trazidos por pessoas que viviam em comunidades diferentes da nossa e, portanto, com outras experiências de vida.
Ao ouvirmos a campainha da porta tocar, corremos a recebê-los com abraços, procurando demonstrar ao casal visitante nossa alegria em tê-los em nossa companhia. Ao fim do jantar, eu e meu marido sabíamos, em nosso íntimo, que havíamos adquirido novos amigos, pessoas interessantes e que, certamente, acrescentariam algo às nossas existências.
Bem, toda esta introdução, que aconteceu na realidade, é para chamar a atenção de uma atitude que vem se tornando costumeira nos círculos leonísticos.
Quando um clube é anfitrião, em festivas, o que tenho visto é o clube já deixar suas mesas marcadas, via de regra as mais próximas à mesa principal, sem interagirem com os seus convidados. Excetuando-se o Comitê de Recepção – quando o há – não se apresentam individualmente, declinando seus nomes e cargos.
Ora, se nos deslocamos de nossas cidades e vamos visitar outros clubes em processo de companheirismo, deveria ser para nos socializarmos com os anfitriões, e não para nos socializarmos entre nós mesmos, o que já fazemos nas festivas mensais. Parece-me que o correto, salvo melhor juízo, seria que os clubes anfitriões tivessem o cuidado de se misturarem aos demais clubes, sentando, por exemplo, um casal do clube anfitrião em cada mesa de outros clubes. Assim, a cada festiva, conheceríamos melhor os associados dos clubes que nos recebem.
E ao recepcionarmos, na hipótese de o jantar ser servido self-service, cabe ao clube anfitrião uma dose de sacrifício, deixando que seus convidados se sirvam em primeiro lugar. Para os recalcitrantes, nada que uma boa instrução leonística e alguns carinhosos apelos não resolvam ou, pelo menos, minimizem.
Da mesma forma, quando visitamos um clube, tendemos a nos isolar num bloco único, algumas vezes até reclamando por este “privilégio”. Companheiros, privilégio é sentar ao lado de um desconhecido que, por força de nossos ideais leonísticos, é nosso companheiro de luta. Privilégio é conversar com este companheiro e saber de seu clube, de suas atividades, de seu contentamento ou descontentamento. Privilégio é dizermos a este companheiro que nos recebe da nossa alegria em estarmos ali, participando de um evento que dignifica o seu clube e que traz, em seu bojo, a oportunidade perfeita para exercitarmos o COMPANHEIRISMO.
Espero que este meu brado de alerta soe como um noturno de Chopin entre os atuais e futuros Presidentes de clubes, tornando as festivas, já programadas para junho e julho, em oportunidades para corrigirmos estas pequenas falhas, a fim de promovermos uma melhor integração de todos os clubes e de seus associados.
CaL Rosinha Menezes, LC Cabo Frio. Esta instrução, quando publicada, fez grande sucesso, sendo a 2ª mais lida, segundo o CL Paulo Fernando Silvestre, idealizador do site de Instruções Leonísticas.
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