Natal de Esperança
Um pensamento atribuído a Paulo
Freire me parece oportuno para esta natalina ocasião. Dizia ele: “É preciso ter esperança. Mas tem de ser esperança
do verbo esperançar”. Vejo como curiosa essa frase porque nos alerta sobre a
concepção que costumamos ter em relação à esperança, quando falamos de
esperança. Esperançar – o verbo existe – nos remete à motivação, ao animar-se.
Fazer algo com ânimo. Esperançar é ir atrás, buscar, se juntar, não desistir.
No normal dos dias, nossa esperança é do verbo esperar. Esperança do verbo
esperar é espera, não esperança. Espera sugere acomodação, um querer que as
soluções e as oportunidades caiam do céu e resolvam nossos problemas. É a
esperança de quem quer que a lavoura produza, reza para isso, mas não irriga,
não capina, não põe a mão no arado.
Não faz a sua parte. Conta-se que um
empresário, viajando para o interior, parou num certo lugar e, ao avistar
uma linda lavoura, ao lado de uma macega infestada de espinhos e cipós,
perguntou a um agricultor que ali estava: “Quem fez aquela roça bonita?” “Fui
eu”, respondeu o agricultor. “Você e Deus” acrescentou o empresário. “Não
senhor. Aquela roça fui eu que plantei”, e apontando a macega, concluiu:
“olha lá o que Deus faz sozinho”.
Isto serve para dizer que precisamos fazer a
nossa parte. Deus sozinho não vai fazer a roça bonita. Ele potencializa a terra
e as sementes para que gerem a vida e produzam frutos, mas é preciso que o
agricultor faça sua parte. Por isso, nossa mensagem de Natal deste ano tem o
tom dessa esperança, do verbo esperançar. Isto porque dificilmente as situações
que não queremos, por aviltarem a dignidade humana, como a injustiça, a
violência, o preconceito, o egoísmo, a corrupção..., vão mudar como que por
milagre, apenas por nossas orações.
A única esperança de que mudem é fazendo
nossa parte. Esperançando-nos. Então, que este Natal, com a esperança que
o Menino Deus nos traz, nos refaça como pessoas, inflame nosso ânimo e nos
inspire a fazer a nossa parte, para podermos, esperançadamente, viver um Ano
Novo de paz, harmonia, alegrias e a prosperidade que fizermos por merecer. A
você, caro amigo e amiga, um Natal pleno de esperança, com grande carinho e um
fraternal abraço.
Eduardo & Marissol
IPDG 2011/12